Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos berros e aos pinotes —
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas.
Que meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro...
Mário de Sá Carneiro
Já reparam que a blogosfera pode ser uma opção para fazer um testamento? Não como um legado de bens materiais, mas de intenções, de bens emocionais, do que queríamos que fosse...
É claro que por aqui, nunca sabemos quando o que lemos, é fidedigno; que a pessoa que escreve, é a pessoa que pensamos, ou que diz ser...há muita ficção neste mundo virtual, mas também, uns pós de realidade. Eu sou eu e nunca tive problemas em falar do meu “quando”, que pode estar no desfazer de uma curva, num caminho de maiores socalcos, ou no sítio onde menos espero. É incontornável. Não sabemos, o onde, o como e o quando. Sabemos apenas, que está por aí algures, em silêncio, em jeito de traição, escondida atrás de algo, ou à vista desarmada.
Não quero que batam em latas, nem que rompam aos berros e aos pinotes, como escreveu Mário de Sá Carneiro, mas que, em vez de lágrimas, vertam sorrisos e boas lembranças.
Um dia, ainda vou escrever sobre o destino dos meus bens imateriais. Já que sou a favor do testamento vital, também posso defender o virtual.
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