Como seria a vida de cada um, se cada um pudesse e tivesse todo o fruto e cobiça do seu desejo? Como seria a essência do ser humano se o próprio, num estalar de dedos, conseguisse apagar, rectificar e sarar todos os males do mundo? Como seria a ausência de dificuldades, a inexistência de guerras e terrorismo, a cura para todas as doenças, a morte apenas por antiguidade, o desconhecimento da fome, inveja, da ganância e de todos os malefícios intrínsecos ao homem?
Como seria se apenas uma entidade tivesse a seu cargo as regras do universo e simplesmente as guiasse no sentido do que admitimos como “bem“?
Seria um mundo de utopias, logo, impossível de existir. Basta cingirmo-nos ao nosso pequeno mundo, mesmo ao mais restrito, para concluir, que as quimeras, nem nos sonhos existem. Cada vez mais o nosso mundo se restringe a uma pequena ilha, rodeada de revoltosas ondas, prestes a submergir os mais distraídos. Faz-se de tudo por tudo e os meios justificam sempre os fins. Sair sempre a ganhar, ter sempre razão e estar incessantemente no degrau mais elevado da escada do orgulho, é divisa existencial para muitas dessas ondas que nos cercam e que há muito perderam a pedra angular do seu rumo.
Temos o desígnio de viver num mundo imperfeito, com muitos outros grosseiros prefixos, que afinal só tornam mais intrincada a travessia.
O que resta? Apenas tentar manter o pé em terra firme e a lucidez vigilante.
1 comentário:
A vida assim seria uma sensaboria. Creio que aquilo que nos faz progredir, ainda que em muitos casos enviesadamente, é mesmo a dificuldade e as barreiras que se nos deparam na estreita linha da vida.
naturalmente que a uns apetece desistir ou conformarem-se com as inevitabilidades dum mundo de seres imperfeitos. Outros há que chamam à vida RESISTÊNCIA e não abdicam de construir futuros sólidos.
Sejamos crentes que a maioria de nós ainda não desistiu da quimera, mesmo sabendo que ela nunca estará ao nosso alcance.
Ave Caesar
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