O ser humano é estranho. Se não fosse, também seríamos todos conhecidos uns dos outros e a “coisa” deixaria de ter piada.
Por uma, ou por várias razões, “gostamos” ou não, de alguém, que nem sequer conhecemos, que nunca encontramos na rua, em suma, que não conhecemos mesmo. A televisão e também a rádio, mas mais a primeira, tem o condão de nos compelir a ajuizar sobre determinada pessoa. Por questões culturais, pela facilidade de comunicar, porque nos convence, ou não convence, pela voz, ou até pelo aspecto físico, (aparente) simpatizamos, ou não, com esse alguém. Já me aconteceu em variadas ocasiões.
Entre as ditas, aconteceu “engraçar” com um alguém, já com vários programas de índole cultural feitos na TV e também na rádio. O homem não sabe sequer que eu existo, mas a sua figura, deixou-me boa impressão. Um tipo de meia idade, cabelo grisalho, adorador de terras quentes com mares tranquilos, sempre de sorriso singelo, bom entrevistador, afável comunicador e também bom escritor. Vi e ouvi, muito do que lançou para o “ar”, captando o meu agrado.
Há alguns meses, descobri também que a dita pessoa, tinha e tem um blog, que leio regularmente, por todas as razões já apontadas.
Os blogs, servem para o que servem. Bons ou maus, a classificação é discutível e o grau de importância relativo. Mas terão sempre, um pouco da “personalidade” do, ou dos seus autores. Eu acho que sim.
E foi lá (no blog) que conheci mais um pouco dessa pessoa, que não sabe que eu existo, que não conheço, com a qual nunca me cruzei, ou seja, que conheço não conhecendo.
Num dos últimos “posts” que escreveu, comecei no entanto a descobrir, pequenos pormenores, que desmontaram parte da imagem, que eu tinha concebido. Pareceu-me existir “ali” algum “desarranjo” proveniente de alguém um pouco enfastiado, com o que ocorre na blogosfera. Acho que quase consegui “entreler“, que, se ele pudesse, abatia muitos dos escritos que andam por aí, alguns considerados ridículos. É uma opinião que naturalmente se aceita, mas a relatividade, está, aos olhos dos outros, em tudo que dizemos, fazemos ou escrevemos. Imaginem só, Luís Vaz de Camões, com um blog na Internet, a escrever:
“Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria. “
Que diriam? Ridículo? Piroso? Sim ou não? Sabendo o que sabemos hoje, provavelmente, ninguém se atreveria.
Em conclusão, continuo a admirar e apreciar a dita figura, que não conheço, com a qual nunca me cruzei, que nem sabe que eu existo, mas…já tenho um mas.
E acabo como comecei. O ser humano é estranho. Atreve-se a ajuizar sem conhecer.
Sem comentários:
Enviar um comentário