“Ensaio sobre a cegueira”, é um verdadeiro monumento à insanidade que o ser humano, encerra dentro de si. Mas é, simultaneamente, uma espécie de redespertar para pequenas realidades insignificantes, que “bem vistas” são afinal tão significantes. Sabemos que existem, que estão sempre lá, mas poucas vezes as elogiamos, ou praticamos.
O filme de Fernando Meirelles, põe a nu o instinto animal do homem, pautado por requintes de malvadez, porque provêem de um ser que pensa, mas pensa mal.
Blindness pode ser também considerado, um hino à sobrevivência, só descoberto perante situações limite.
Depois de ver o filme, baseado na obra de José Saramago, continuei a remoer sobre ele durante várias horas. Deixou-me uma contrição pesada no peito, que ainda me faz questionar, porque é que o ser humano é assim? Porque é que age assim? Porque é que só damos valor ás coisas quando as perdemos? Porque é que estamos em constante julgamento e condenação sumária, perante actos, palavras ou aparências?
Também no domínio do Amor, o filme deixa marca. Duas pessoas (cegas) conseguem amar-se, porque se conhecem, não porque se vêem. Haverá amor mais puro e intocável por estereótipos de sociedades assentes em levianos pilares?
Como verdadeiro e puro é o afecto de um cão, que passa na rua e nos declara a sua meiguice!!
Será então a visão o sentido dos sentidos, na certeza de que, quase nunca a sentimos na sua infinita grandeza.
É comum dizer-se que é na adversidade que se revela o todo da raça humana; a cobardia, a inveja, a soberba, egoísmo… Mas é a mesma adversidade, que consegue trazer à tona os mais nobres dos sentimentos . São esses que seguram parte do nosso mundo a salvo.
É a cegueira mental que nos mata, não a física.!!
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