A sala não é grande. As paredes são escuras, o mobiliário é antigo.
A sala de espera deste hospital, está cheia. É de manhã. Lá fora os restos de geada ainda não derreteram, e já a sala está quente de gente, que espera por um resultado para a vida, por um desengano, ou por uma simples conversa, com quem sabe tratar das maleitas do corpo.
As cadeiras brilham polidas de tão sentadas que foram. Não há muito barulho; apenas um altifalante que emite uma voz quase imperceptível e algumas conversas dispersas. No meio delas, há uma mulher perdida. Tem seguramente mais de 70 anos, um ar simpático e ausência quase constante de respostas, para as questões de uma outra mulher, sentada ao seu lado. Quem sou eu?… …. … A senhora?… … … Não sei quem é! A jovem de rabo de cavalo, questiona de novo: Então não sou sua filha? … … … …Com olhos fixos no chão e pensamentos perdidos a mulher solta um “não sei”.
A conversa continuou, as perguntas também. As respostas foram quase sempre longos silêncios e alguns sorrisos de quem, pouco mais conseguia fazer.
Estava ali alguém com uma longa história de vida, mas sem vida para lembrar, sem história para recordar.
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